quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A Gaja, e um bocadinho da sua história...

Porque tudo tem um início, eu não me lembro exactamente do meu, por isso só posso acreditar no que me contaram. Talvez seja melhor assim, que não me lembre.

Tinha muitos irmãos e irmãs, mas cedo fui para a casa de uma tia, porque, como diziam, a minha mãe "não estava bem da cabeça". Mais tarde percebi que ela sofria de esquizofrenia.
Disseram-me também que um dia ela preparava-se para me dar banho, e para isso pôs um alguidar de água a ferver, só para mim. Parece que chegaram a tempo de impedir que o fizesse... A família era muito pobre e parece que não havia grandes condições de criar um filho, quanto mais sete.
Foi esta a história que a minha Mãe adoptiva me contou.

Fui então para casa dessa tia, mas a "mulher" dizia a toda a gente que a bebé era para morrer, coitadinha. Era tão fraquinha, com quase um ano nem se sentava sozinha. Pois que não havia as paneleirices que há hoje em dia. Ou havia, mas não para mim.

Este casal, não podia ter filhos. Tentaram durante muito tempo, mas a coisa não se deu. Então consideraram adopção. Ouviram falar nesta menina que estava em casa da tia, e que era bonitinha. Foram ver-me então, e pediram à minha tia para me deixar ir passar o fim de semana a casa deles. Eu fui. Depois de um fim de semana que me foi descrito como tendo sido muito agradável, parece que estavam decididos a "ficar comigo". Quando me levaram de volta a casa da tia, eu pus a mão na parede em jeito de dizer, "por favor, não me voltem de volta para ali..." Tomaram aquilo como um sinal. 

Depois foi só pedir autorização aos meus pais biológicos para que se pudesse formalizar a adopção e assim foi.

Não sei se a minha mãe biológica resistiu, se chorou por mim, se não se importou, ou se ficou aliviada. Nunca ninguém me falou sobre isso, e mais tarde, quando tinha idade para lhe perguntar, nunca o fiz.


Parece que esta foi a grande reviravolta. Lá fui eu, viver uma vida nova. Começar de novo, apesar de eu própria só ter um ano de idade. Cuidaram de mim, porque é o que os pais fazem não é? E fizeram um óptimo trabalho. Pelo que me lembro tive uma infância bastante feliz. Cresci no campo, corri livremente, brinquei com os amigos na rua, explorei tudo o que havia para explorar lá fora, sozinha e às vezes acompanhada.


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