Uma gaja precisa...

Gajos e gajas do meu país!

Pois bem, que é fim de semana. Domingo de manhã, é daqueles dias em que não apetece fazer grande coisa. As gajas estão cansadas, melhor dizendo, exaustas, depois de uma semana de trabalho árduo, e para além disso, ainda têm mais trabalho ao fim de semana. Sim! Porque o trabalho de casa nunca está feito. NUNCA!

Odeio limpar, mas adoro ter uma casa limpa. Então por isso, o que é uma gaja faz... limpa... que remédio!
E a loiça? Esse famigerado mal que nos anda a escravizar deste há centenas de anos!!!!
Pois claro que os gajos tinham que nos enfiar numa cozinha, e tinham que nos encher de filhos para não termos tempo para mais nada. Mente ocupada com as coisas de casa e dos filhos, não pensa em pecado.
Então bora de dar-lhes muito que fazer. E hoje em dia ainda é assim. Ainda somos escravas. Só que hoje em dia, decidimo-nos antecipar. E o que é que isto quer dizer? Quer dizer que agora, para além de limparmos, cuidarmos dos filhos e da casa... ainda temos que ter um emprego, trazer dinheiro para casa, e pagar metade da conta quando vamos jantar fora.

Será caso para dizer, ó tempo volta para trás, traz-me tudo o que perdi??? Será que nos estamos a perder no meio de tanto querer e no meio de querermos provar que tanto conseguimos e PODEMOS fazer, nos estamos a diluir, naquilo que é a completa desvirtualização do que é SER GAJA!!!!

UMA GAJA PRECISA de liberdade...
UMA GAJA PRECISA de se divertir...
UMA GAJA PRECISA de se expressar...
UMA GAJA PRECISA de levitar...
UMA GAJA PRECISA perseguir os seus sonhos...
UMA GAJA PRECISA ser mimada...
UMA GAJA PRECISA de alguém que a compreenda, total e completamente...
UMA GAJA PRECISA de ser GAJA... simplesmente GAJA... sem mais...

SEM FARDOS...
SEM RÓTULOS...
SEM GAIOLAS DOURADAS...
SEM STRESSES...
SEM PRESSÕES...

Ser gaja, é SER O SER mais bonito ao cimo desta terra. Ser fêmea, ser natureza. Ser fértil, não só como proCRIADORA, mas também ser fértil de afectos, de talentos, de realizações pessoais.

GAJO QUE É GAJO, não tem medo de uma GAJA PODEROSA. Porque essa gaja, acrescenta-o. Porque ela, apesar de às vezes na sua sombra estar, É A FORÇA que o empurra para a frente, a força que lhe dá AMOR, carinho e um LAR.

Tentamos ser tudo. Tentamos chegar a todo o lado... para no fim das contas, não sairmos do mesmo lugar.

Começa por cada um de nós, mudar as coisas, para que as GAJAS e os GAJOS sejam mais felizes.

Happy wife, happy life...

Antes as gajas metiam...

Pois que antes as gajas metiam a roupa para lavar, metiam os putos na ordem, metiam a comida a fazer, metiam as cuecas a secar no arame, metiam os maridos acima de tudo, metiam as amigas a falar das outras, e metiam a conversa em dia, tal como fazem hoje em dia. Mas as coisas mudaram um bocadinho. E porquê? Porque hoje em dia há uma coisa chamada FACEBOOK. Pois, agora é lá que metem tudo. Tudinho, digo-vos eu, esta gaja sabe do que fala. Senão vejamos.

Basta abrir a plataforma ou rede social para perceber que aquilo é um partilhar de coisas que antigamente só partilhavamos na nossa intimidade. Sim, posso falar do antigamente porque estou aqui mais ou menos no meio. Sendo gaja de quarenta e poucos, tenho uma visão se calhar mais global da coisa.

Hoje partilho com as minhas gajas e gajos amigos do facebook tudo aquilo que é bom! Quando acordo, o aspecto que tenho quando o faço, quando meto o creme na tromba para não parecer que passei a noite toda sem dormir. Meto uma selfie, assim a modos que olhar para o lado, para parecer que estou muito ocupada e que já tenho em mente o que fazer a seguir. Para parecer que aquela foto realmente não é muito importante. É uma forma que esta gaja, e outras gajas têm de dizer: "Óh para mim aqui tão gira, apesar de ter acordado mesmo agora." Depois vou lá ver de 5 em 5 minutos se alguém meteu like. Sim, é importante que metam, porque se não meterem, fico logo a achar que não gostam de mim. Já não é importante o que o espelho que está em frente à minha tromba devolve, esse não mete likes, não mete comentários nos meus posts. E também não mete toda a gente a falar sobre o mamilo que "inadvertidamente" quase revelei quando tirei a selfie.

Já ninguém me mete para fora do Facebook. Descobri que lá controlo muito melhor as línguas daquelas que antes eram impossíveis de calar. Agora posso apagar os comentários que metem as gajas que parecem não gostar de mim. Não metem like! Só vão para lá destilar veneno na minha selfie. Só porque não conseguem tirar uma tão gira qauanto a minha é. Pois então... Agora meto-lhes a boca fechada e bloquei-o-as. Se fosse antigamente, tinha que as matar e enterrá-las no quintal de alguém, para desaparecer com o corpo e tal, mas hoje não. Hoje só carrego num botão e gaja desaparece. Eu não a vejo mais, e elas também já não me vêem. Ahhhh tão bom!

Vou meter-me a mexer, que agora tenho ali mais umas coisas para meter no face, e ver também o que as outras invejosas e más línguas andaram a meter no delas. Aposto que é tudo uma merda, e não me vou coibir de comentar.

Uma gaja não tem tempo para nada...

É pá isto a vida é mesmo assim. Hoje em dia temos que ser super mulheres. A culpa também é nossa, que achamos que conseguimos fazer tudo. Ter um emprego, e ser bem sucedida nele. Se fôr possível ter uma carreira bem sucedida ainda melhor. Depois também temos a casa e os filhos para cuidar. E ao fim do dia, nem tivemos tempo para tirar aquele pêlo encravado que já nos anda a chatear há uns dias.
Ás vezes estamos tão cansadas que só apetece ir para o hotel e ficar no SPA pelo menos uns 15 dias. E parar de pensar...
Parar de pensar? Quem é que eu estou a tentar enganar. Gaja que é gaja nunca pára de pensar. E a maior parte de nós nem tem tempo para viver o momento, sim o presente. Estamos sempre a pensar no que vamos fazer a seguir. Para que a máquina fique bem oleada e ao fim do dia digamos... ahhh pronto, por hoje está tudo. Só que no dia seguinte, começa tudo de novo...
Chegamos a pensar que somos imprescindíveis na vida das pessoas. Que se de um momento para o outro desaparecermos o mundo vai acabar. Que a roupa se vai amontoar, que os filhos não vão ter nada para comer e o tecto da casa vai eventualmente colapsar.
Mas pensem, gajas! Quem é que REALMENTE sentiria a vossa falta.
Gaja que é gaja, ou seja com eles no sítio, não tem medo de procurar respostas. Não afunda a cabeça na areia com medo de não ver o que lá está.
Gaja que já bateu no fundo sabe que AMIGO é coisa que quase não existe.
Todos e todas são amigos e amigas quando estamos na mó de cima. Então se formos saír à noite e desatarmos a pagar copos. É pá, até nascem amigos como cogumelos. Mas... não são esses que vão estar lá para ti quando realmente precisares.
Gaja, tu sabes que estás sozinha. Que tens que lutar pela tua sobrevivência e alguma sanidade mental que te ajude a passar os dias sem que penses constantemente em cortar os pulsos.
Por isso vai! Força! Gaja que é gaja, é gaja por si, e não pelos outros.
Sejam felizes

A Gaja, e um bocadinho da sua história...

Porque tudo tem um início, eu não me lembro exactamente do meu, por isso só posso acreditar no que me contaram. Talvez seja melhor assim, que não me lembre.

Tinha muitos irmãos e irmãs, mas cedo fui para a casa de uma tia, porque, como diziam, a minha mãe "não estava bem da cabeça". Mais tarde percebi que ela sofria de esquizofrenia.

Disseram-me também que um dia ela preparava-se para me dar banho, e para isso pôs um alguidar de água a ferver, só para mim. Parece que chegaram a tempo de impedir que o fizesse... A família era muito pobre e parece que não havia grandes condições de criar um filho, quanto mais sete.

Foi esta a história que a minha Mãe adoptiva me contou.

Fui então para casa dessa tia, mas a "mulher" dizia a toda a gente que a bebé era para morrer, coitadinha. Era tão fraquinha, com quase um ano nem se sentava sozinha. Pois que não havia as paneleirices que há hoje em dia. Ou havia, mas não para mim.

Este casal, não podia ter filhos. Tentaram durante muito tempo, mas a coisa não se deu. Então consideraram adopção. Ouviram falar nesta menina que estava em casa da tia, e que era bonitinha. Foram ver-me então, e pediram à minha tia para me deixar ir passar o fim de semana a casa deles. Eu fui. Depois de um fim de semana que me foi descrito como tendo sido muito agradável, parece que estavam decididos a "ficar comigo". Quando me levaram de volta a casa da tia, eu pus a mão na parede em jeito de dizer, "por favor, não me voltem de volta para ali..." Tomaram aquilo como um sinal. 

Depois foi só pedir autorização aos meus pais biológicos para que se pudesse formalizar a adopção e assim foi.

Não sei se a minha mãe biológica resistiu, se chorou por mim, se não se importou, ou se ficou aliviada. Nunca ninguém me falou sobre isso, e mais tarde, quando tinha idade para lhe perguntar, nunca o fiz.

Parece que esta foi a grande reviravolta. Lá fui eu, viver uma vida nova. Começar de novo, apesar de eu própria só ter um ano de idade. Cuidaram de mim, porque é o que os pais fazem não é? E fizeram um óptimo trabalho. Pelo que me lembro tive uma infância bastante feliz. Cresci no campo, corri livremente, brinquei com os amigos na rua, explorei tudo o que havia para explorar lá fora, sozinha e às vezes acompanhada.

Pois que decidi criar o blog da Gaja, d´Aquela Gaja

Hoje aos 10 de Setembro do ano do Senhor Jesus Cristo, 2018, resolvi criar o meu blog.

Basicamente será a minha terapia, vir aqui e falar-vos de cenas. Cenas de gajas. 

Como este blog, certamente haverão milhares de outros. Por isso, porquê vir aqui espreitar o que esta Gaja tem para dizer?

Então, porque aqui pretende-se que a liberdade de expressão reine e impere. Talvez não vá dizer só aquilo que é politicamente correcto, ahhh e sim, também vós "podeindes" comentar como preferirdes.

Vamos ver como é que isto corre. Para já não vou dizer a ninguém que criei isto... que acham? LOL.